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Pousamos no Aeroporto Errado Comandante !

Escrito por Diêgo Monteiro | quinta-feira, 10 de janeiro de 2013 | 22:15



               Baseado num dos artigos escrito por William Santos neste blog “ Apertem os Cintos! Os Pilotos Piraram ”, estou fazendo este artigo para mostrar com mais detalhes, alguns casos particulares em que pilotos confundiram e pousaram em pistas erradas. O que diz a história sobre isso ? Você leitor vê agora.

               O que faz um piloto ao errar de pista na hora do pouso ? Pergunta meio idiota ou até imbecil no ramo da aviação diante de tanta tecnologia nas aeronaves, tantas maneiras de selecionar a pista correta, mas mesmo assim meu caro leitor, errar é humano e essas coisas acontecem, citando um dos exemplo, um desses fatos aconteceu em 2001, no Aeroporto Petrônio Portella em Teresina, capital do Piauí.

               Foi num voo da TAM feito com uma aeronave Fokker 100 de fabricação holandesa procedente do Aeroporto Internacional Juscelino Kubitschek em Brasília. No inicio da aproximação final, a aeronave foi autorizada para o pouso, só que o Fokker 100 não pousou no Aeroporto Petrônio Portella, mas sim no Aeroporto Domingos Rego no município de Timon no Maranhão, os dois municípios estão separados pelo rio Parnaíba que também serve de divisa entre os dois estados, os municípios ficam um do lado do outro.

Distancia entre os dois aeródromos. Foto : 180graus.com

               Mas como uma aeronave como um Fokker 100, dotado de aviônica suficiente para atestar que a tripulação estava se aproximando para a pista errada consegue pousar em outro aeroporto ? Antes de eu ter conhecimento deste caso, utilizei o simulador de voo Flight Simulator 2004 em casa fazendo um voo de Boeing 727-200F coincidentemente entre estas mesmas cidades. Vendo os procedimentos de aproximação em Teresina, vi uma coisa que me chamou muita atenção e que passei a ver com outros olhos. Perto do aeroporto, existia outro aeródromo que era o de Timon. Mas aí não está à surpresa, a surpresa foi quando vi uma carta chamada VAC e constatei que os circuitos de tráfegos dos dois aeródromos são idênticos, além claro, da coincidente numeração das cabeceiras, eram as mesmas, tanto Teresina como Timon possuem as cabeceiras 02 e 20. Depois dessas análises, eu vi uma observação importantíssima nas cartas de aproximação que fiquei impressionado, todas tinham a mesma observação que falava assim : “ Acft na aproximação final da Rwy 20: Atenção para não confundir com a aproximação final rwy 20 do aeroporto Timón / Domingos Rego, MA.”, essa observação valia também para a pista 02 e a última atualização destas cartas foi de 2006. Se essa instrução estava lá, significa que alguma “ cagada ” desse tipo já aconteceu, e foi mesmo, já que o ocorrido foi em 2001. Essa é uma semelhança de pistas que pode confundir muitos pilotos, parece obvio e parece até uma brincadeira, mas não é, essa diferença foi suficiente para fazer a aeronave da TAM, pousar no aeroporto errado, se não prestar atenção, acontece o que ocorreu comeste Fokker 100.

Circuito de tráfego padrão para os dois aeródromos. Fonte : www.aisweb.aer.mil.br

              
Procedimento de VOR/DME para a pista 20 de Teresina com a observação para que a tripulação não confunda as pistas dos aeroportos de Teresina e Timon. Fonte : www.aisweb.aer.mil.br




               Haveria maneiras de evitar tal incidente se o piloto tivesse prestado atenção nas radiais corretas do procedimento e no HSI ( Horizontal Situation Indicator )  que indica para que cabeceira está se pousando, o que caracteriza uma falta de atenção da tripulação para com estes procedimentos. Diante deste fato, as cartas do Aeroporto de Teresina receberam essa observação que foi expressa de forma bem clara, tanto no texto, como nos mapas, diante disto, um incidente como esse não mais voltaria a acontecer em Teresina, saca só agora.

               Vamos agora para o dia 30 de outubro de 2011, voo 9136 da Azul Linhas Aéreas procedente de Fortaleza também foi iniciar a aproximação para Teresina, e aí eles pousaram “de novo ” no aeroporto de Timon. Mas como isso pode ocorrer de novo ? Mesmo com o caso da TAM, mesmo com as observações colocadas nas cartas que são bem claras para a não confusão das tripulações. Mesmo assim, aconteceu de novo, desta vez com um Embraer 190 de fabricação brasileira que tem muito mais tecnologia embarcada do que um Fokker 100. Mesmo assim, ambos os aviões são bem simples de se identificar para que pista está se pousando, todas essas informações estão dispostas em mapa pelo HSI e são bem claras para que aeroporto e qual pista está se pousando, afinal todos os dados do voo são programados corretamente no FMS pelo pilotos.

               Pra dizer que isso não acontece só em terras brasileiras, existe também uma observação nas cartas da Jeppesen do Aeroporto Internacional de Ferihegy em Budapeste, capital da Hungria onde na carta 10-9 de 20 de outubro de 2006 tem a seguinte mensagem :    “ CAUTION: Do not mistake lighted road for runway ”, traduzindo, “ ATENÇÃO, não confunda as luzes da estrada com as da pista ”, um sinal claro de que no aeroporto de Budapeste, também tem essa observação que deve ser levada em consideração por parte das tripulações para que tomem cuidado com essa confusão de iluminação das pistas.

Observação explicita na carta do aeroporto de Budapeste alertando que os pilotos não confundam as luzes da pista 31L com as luzes da estrada.

               São apenas dois casos, listados aqui, mas que reforçam a atenção das tripulações espalhadas mundo afora, de que é muito bom prestar atenção nas cartas, nas informações adicionais, se o tripulante sabe que vai voar para um aeródromo que não conhece, é muito bom o mesmo estudar com antecedência os procedimentos daquele aeroporto para saber toda a lógica do tráfego aéreo daquela região, além claro, de conhecer as particularidades de cada lugar, afinal, ninguém quer que esses episódios ou até casos mais graves ocorram, mas isso preocupa, mesmo com a tecnologia na aviação cada vez mais presente, é muito importante sempre levar o conhecimento básico de navegação, e não esquecer certos conceitos nunca. Fazendo isso, a tecnologia deixa de ser inimiga e se torna a maior aliada do piloto, e assim, evitam-se incidentes e consequentemente acidentes.
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