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Ônibus Movido a Pilha Ganha as Ruas na Suécia

Escrito por William Santos | quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018 | 17:43

Um passo importante para o avanço do "transporte à pilha" foi dado com a notícia de que a Volkswagen Scania -- sim, hoje a Scania pertence aos alemães -- lançou seu modelo de ônibus urbano totalmente elétrico e sem necessidade de arrastar cabos conectados a rede elétrica, como nos velhos trólebus. O busão apenas recarrega as baterias, conectando-se a uma estação de recarga, e segue viagem.

De acordo com a divulgação da montadora, recarregando por 10 minutos os carros terão capacidade de cobrir o trajeto da linha, de aproximadamente 15 quilômetros, fazendo cem viagens diárias emitindo zero poluentes.

Uma ideia interessante, pois a cada parada no ponto final dá pra abastecer para a jornada enquanto se faz a espera normal.

O release da Volks Scania [que pode ser lido, em inglês, aqui] ainda segue apontando para o conforto a bordo, dado o baixo nível de ruídos internos entre outras coisas, como o chassi de piso baixo, que facilita o acesso ao interior do veículo. Tirando o fato de ser "movido a pilha", o ônibus realmente não mostra nada de muito diferente dos modelos tradicionais, com motor a explosão, deixando claro que sua capacidade e o modo de operação serão compatíveis com o que já se tem. O que é um grande trunfo, pois retira-se do ônibus os motores poluentes sem a necessidade de mudanças drásticas no formato do veículo.

O motor elétrico também pode trazer mais vantagens do que as ambientais -- que ainda são discutíveis, pois na Europa é comum o uso de carvão pra geração de energia elétrica. E com o aumento de demanda por eletricidade pra impulsionar automóveis, já viu... -- com menos partes móveis há menor desgaste e o custo de manutenção pode ser reduzido nestes veículos, ainda que a durabilidade da bateria seja um ponto sobre o qual pouco se fala. E a bateria de um ônibus destes, imagino que não seja nada barato. Se ela não suportar as milhares de carga e recargas necessárias ao longo de anos, acho que o investimento não se sustentará. Vamos ver como a ideia se sai na prática.

As operações com o modelo elétrico a bateria serão iniciadas na Suécia, na cidade de Östersund, o que justifica inclusive a adoção pela marca Scania, que é tradicional do país.

Fonte e imagem: Volkswagen Group Homepage

Sobre Moralismo, Polêmicas, Censura e o MBL de Gaiato no Navio

Escrito por William Santos | terça-feira, 12 de setembro de 2017 | 23:47

Com relação a polêmica "exposição de artes da discórdia", não considero que o MBL tenha censurado coisa alguma. A acusação forçada sobre o grupo tem sido muito bem aproveitada por eles mesmos, reforçando entre seus apoiadores a ideia de que possuem realmente algum poder. Na verdade, não é bem isso. A tentativa de manipulação, colocando o MBL como censor, o que confrontaria o “movimento” com seu lema liberal, também tem sido facilmente rebatida pelo grupo que, colocando as coisas no devido lugar, mostra ter sido responsável apenas por uma campanha de boicote. Esta campanha sim um tanto infame e bastante exagerada (ao melhor estilo MBL), porém longe de ser um ato de censura. De qualquer forma, nesta discussão toda que se segue, o que se vê de fato é um isolamento entre grupos. Cada um fala pra si, cada um se aproveita da bagunça toda para autopromoções. No entanto, nenhum destes grupos políticos/ideológicos/o que quer que sejam são os reais responsáveis pela coisa toda que se viu ai nestes últimos dias com a exposição bancada por aquele banco lá que todo mundo sabe qual é (e por que eu teria que fazer mais campanha pra banco aqui, né?)

O que aconteceu com a tal exposição de arte afinal

Na minha opinião, a resposta não começa nos atos do MBL e passa muito ao largo da capacidade de um movimento político qualquer em forçar a retirada de conteúdo de uma exposição. Ao que me parece, a coisa tem mais a ver com os "novos tempos" mesmo. É mais uma questão de acesso amplo a informação, do fácil compartilhamento, e da ampla difusão de opiniões. Décadas atrás, a mesma exposição ocorreria e seria pouco provável que fosse cancelada. Com repercussão polêmica, sim, certamente, mas não a ponto de provocar uma ação rápida de sua retirada.

As coisas mais torpes costumavam acontecer meio escondidas do grande público. As classificações (incluindo as de faixa etária) já bastavam para uma triagem do público. O que não garantia que alguns não se chocassem com aquilo que viam, mas no fim os impactos ficavam contidos e não atingiam com tamanha força aqueles que não tivessem participado diretamente dos eventos (exposições, shows, exibições, etc.)

Pra ser mais preciso em relação ao que quero dizer, basta observar que revistas “adultas” estiveram ai até mesmo no período da censura militar. Eram classificadas e ponto. Sem espaço para grandes manifestações contrárias. Bastava o bom senso de observar que comprava quem quisesse, pois já estavam avisados de seu conteúdo. Claro que nudez é algo leve se comparado com provocações mais extremas, como aquelas que envolvem religião. Mas isto não significa que as crenças religiosas tenham sido sempre poupadas. Inclusive o debate sobre o politicamente correto não é algo novo. A força destes debates, sim se ampliaram muito deste a popularização da rede mundial de computadores. E é ai onde começam os problemas com a tal exposição polêmica vista agora.

Voltando ao caso das revistas, quem tem uma noção extremamente superficial da coisa, pode enxergar o que está em suas páginas como algo criminoso (atentado ao pudor!). Assim como a tal ‘profanação’ vista na atual exposição faz parecer que algum crime está sendo cometido contra crenças alheias. No entanto, entendemos bem que: Uma coisa é promover nudez em via pública, outra, bem diferente, é fazer isto de acordo com normas acordadas e aceitas socialmente. Nas páginas das revistas, as imagens estavam apenas para aqueles que aceitavam vê-las. Óbvio, não há crime nisso. Assim como na exposição, só quem aceita aquele tipo de arte, e estando devidamente avisado sobre o teor da exposição, decide apreciá-la. Claro que os críticos tem seu espaço também nisso. O que acontece, de fato, é que quem repudia a nudez das revistas masculinas não as compra e tem seu direito garantido de se manifestar contra elas. Porém, nunca proibir que sejam vendidas, ou forçar sua retirada das bancas. Tal como no caso da exposição.

Mas por que o banco, que promovia a mostra, a retirou

Neste caso, acredito que a polêmica foi analisada pela empresa como desfavorável à sua marca. E este é o problema principal. Em busca de preservar tal marca, o banco tomou a decisão de retirar seu apoio daquela mostra. No entanto, observo que este efeito é fruto do que temos no mundo recente, da popularização da Internet e do amplo acesso a tudo. Em instantes, o que era pra ser uma exposição fechada, restrita ao público que decidiu apreciá-la, tomou a rede e foi parar nos dispositivos de milhares de outras pessoas para as quais aquela mostra não havia sido elaborada. Evidentemente que a reação seria a que se vê hoje. E também é fácil deduzir que a empresa apoiadora precisava reagir a isto. É como se uma publicação erótica qualquer, capaz de chocar um determinado público, fosse divulgada de forma alarmante nas redes sociais. O efeito é sempre o mesmo. E assim será daqui por diante inclusive.

Moralismo contido

Volto a algumas décadas no passado pra entender um pouco mais sobre o que se tinha em idos das décadas de 1980 e 1990. Se pesquisar rapidamente sobre a TV aberta no nosso país nestes períodos pre-internet, verá nudez, piadas com minorias, profanações de todos os tipos e um monte de coisas de gosto duvidoso sendo exibido. Havia aceitação a tudo isso e, de repente, as coisas mudaram? A resposta é um gigantesco não! Não mudamos tanto assim em um espaço de uma década ou uma década e meia (considerando ai a crescente popularização das redes sociais). Somos basicamente os mesmos de 1980 e 1990, que assistiam nudez e sacanagem disfarçada de entretenimento nos programas de auditório dominicais (feitos para entreter famílias). O conservadorismo estava lá sim, resmungando no sofá da sala e alcançando eco nas conversas entre vizinhos, no trampo, na escola… Mas não passava disso. E, no final das contas, as polêmicas até ajudavam a promover tais apelos. É mais fácil agradar pervertidos do que produzir coisas de qualidade que atraiam público. Simples lógica que vale até os dias de hoje, seja pra TV, seja pra própria web e até mesmo para os perfis em redes sociais. Sempre partimos pra algum tipo de apelação. Às vezes até acredito que reproduzimos o que aprendemos com a TV quando buscamos por atenção (sangue, vísceras, violência gratuita, nudez e sexo. Coisas que sempre funcionam em qualquer postagem).

Pequena coletânea do canal Nerd Show sobre o assunto:







Ao que parece, mais uma vez, estamos diante do conhecido efeito da grande rede sobre a privacidade. Neste caso, a “privacidade de uma mostra de arte” foi por água abaixo quando alguém resolveu expôr sua opinião, assim como sempre fizemos sobre as telenovelas, humorísticos e concursos de bundas dominicais em nosso passado não muito distante. Só que desta vez a coisa não estava sendo compartilhada em rodinhas de amigos da firma, da escola ou da vizinhança.

Captura de tela do filme: O Círculo. A produção aborda muitas coisas relacionadas a comportamentos
comuns em redes sociais e suas consequências. Em um dos casos, um simples e inocente
compartilhamento causa terríveis problemas a terceiros envolvidos.
Onde entra o MBL nisso


Assim como outros grupos, tanto conservadores quanto os que se opõem ao conservadorismo, este pessoal entra de gaiato nestes fatos e vão faturando com a coisa toda a medida em que as dimensões de tais polêmicas se ampliam. Não consigo ver o MBL como protagonista de nada (isto inclui o impeachment recente), mas que o grupo se aproveita bem destas coisas, isto é indiscutível. E não se trata nem do trabalho deles em busca de promoção, mas em muitos casos, são os detratores do MBL quem os promove ao atacá-los de todas as formas, sem avaliar bem o que está acontecendo de fato. O movimento é acusado de praticar censura tendo feito não mais do que qualquer resmungão sempre faz nas redes sociais: compartilhar indignação em nome do sagrado conservadorismo.

Lições

Podem ser muitas as lições, mas uma delas é bem nítida: O senso de privacidade mudou tanto que hoje não basta mais apenas classificar as coisas pra impedir que elas atinjam quem não deveria ser afetado por determinados conteúdos. Por exemplo: Antes o sujeito mostrava uma carteira de identidade, comprovando ser de maior, e entrava numa sala de cinema pra assistir coisas bizarras. Todos na sessão sabiam do que se tratava e poucos corriam o risco de se indignar com algo ali. Mas nos dias atuais, qualquer um pode simplesmente compartilhar tal sessão de cinema quase instantâneamente. Dai, quem nunca iria até aquilo lá acaba recebendo tal conteúdo e o trata como algo veiculado publicamente, sem qualquer filtro, totalmente exposto. Eis então que começa a gritaria. É por ai onde se começa a confusão entre o que deveria ser aceito ou não aceito, tolerado e não tolerado, por ai vai. Sem pensar em nenhum segundo se houve os tradicionais cuidados dos organizadores para não atingir diretamente quem não se sinta a vontade com tal exibição. O que torna os ‘compartilhadores’ os verdadeiros responsáveis pelo fuzuê todo.

Sobre a exposição em si, o que eu acho é que ela não me atinge. Simples: Eu não achei legal não. E simplesmente não iria a uma exposição destas, nem naquele espetáculo “Macaquinhos”, ou algo do gênero. Porém, não faria nenhum boicote ao banco que a promove, ou instituições. O banco não está me obrigando a nada. Eu não tenho que ver as obras pra usar os serviços da empresa. Por mim, tanto faz. Tem pedofilia, tem zoofilia, tem agressão aos cristãos?! Não vi naquilo uma campanha por nada disso. Não sou entendedor de artes, nem crítico nem nada, mas sou esperto o suficiente pra considerar que se telas e esculturas (ou seja lá mais o que for exposto) causa algum impacto, isto leva a alguma reflexão. Posso reprovar tudo, a arte permite isto, às vezes ela provoca exatamente isto inclusive. Em muitas campanhas publicitárias este recurso até é utilizado. A polêmica é um recurso utilizado há muito tempo. E aqui, tenho recebido visitas no meu blog justamente por abordar esta polêmica. Ou seja, mesmo eu estou me beneficiando disto tudo, vejam só.

E o Kiko?!

No mais: enquanto eu tiver meu direito a ignorar o que não me convém, tá tudo certo. Aquela exposição não me afeta em nada. Não afeta a sociedade coisa nenhuma. É só uma exposição de artes, nada com o que nos preocupar. Não vão levar aquilo para dentro de igrejas, não estão estampando nada em outdoors, não será veiculado em tardes de Domingo, nos principais canais da TV aberta. Não chegamos a este ponto ainda.

Por Mais Atraente Que Seja a Teoria da Conspiração

Escrito por William Santos | sexta-feira, 20 de janeiro de 2017 | 11:41


Na boa, se essa ideia de que aviões que caem em aproximação podem ter sido sabotados, então temos sabotadores nada espertos. O pior momento pra encobrir um crime de sabotagem aérea deve ser no curso de aproximação, quando geralmente as aeronaves estão em contato por rádio com controladores ou sob cobertura de radares, voando baixo com a possibilidade de serem acompanhadas por testemunhas em solo, etc. o que ajuda um bocado nas investigações, mesmo quando não há registros de caixas pretas.

Se algum sabotador quer realmente cometer um crime perfeito, dá um jeito de derrubar a aeronave durante a fase de voo de cruzeiro, numa área remota, longe de eventuais testemunhas oculares da queda inclusive. Como ocorrem na maioria dos casos de atentados. Ainda mais se a aeronave não é equipada com caixas pretas. Msm assim, dificultar a investigação não significa impedir que elas ocorram. No fim, sempre surgem os indícios do crime.

No momento só lembro de um único atentado contra um voo que culminou na queda da aeronave próximo ao instante de aproximação, que foi aquele do Egypt Air 804 no ano passado, mas tô com preguiça de pesquisar detalhes. De qualquer forma, parece que alguém a bordo teria provocado os eventos que levaram a queda, e não teria sido uma sabotagem da aeronave antes da partida por exemplo (corrijam, por favor, isto nos comentários?).

Sabotadores a Bordo

Para as teorias da conspiração sobre os casos do Campos e do Teori fazerem algum sentido, tem que considerar que alguém a bordo possa ter, de alguma forma, jogado as aeronaves no chão. E, diga-se, escolheu o momento mais inadequado pra fazer isso. Até porque, mesmo em casos assim conhecidos, as coisas costumam ocorrer em pleno voo de cruzeiro. O PSA 1771, em 1987 e o Germanwings 9525, em 2015 são exemplos disso.

Ministro do Interior do México

Já casos de acidentes envolvendo autoridades em que aeronaves caem momentos antes da aproximação por conta de falhas da tripulação não são tão incomuns. Um dos mais conhecidos é o do Ministro do Interior mexicano, Juan Camilo, ocorrido em 2008. O jatinho também caiu sobre uma área urbana, atingindo prédios e ferindo pessoas em solo, de forma bem semelhante ao ocorrido com Eduardo Campos.

Comitiva Presidencial da Polônia

Outro caso ainda mais grave que dizimou quase todos os membros do poder na Polônia ocorreu durante uma aproximação para o pouso em 2010 (A imagem do cenário da tragédia ilustra este post inclusive). Era evidente que o piloto tentava uma aproximação muito arriscada ao aeroporto o que culminou no desastre, sendo assim, mais uma vez erro da tripulação.

Suspeito Sim, Mas Cedo Demais Pra Conclusões

Claro que o caso recente, com um ministro do Supremo que cuidava da relatoria de uma operação histórica para o país, levantando dados sobre crimes de corrupção e expondo figuras importantes da república, além de enviar gente poderosa para a cadeia, gera uma enorme suspeita. Mas não é tão fácil assim considerar que uma sabotagem na aeronave culminasse em sua queda durante o curso de aproximação, como ocorreu. De qualquer forma, é preciso aguardar que as investigações esclareçam os fatos.

Segurança Aérea

Já há um tempo venho acompanhando, por meio de redes sociais, em grupos relacionados a aviação, o espanto de algumas pessoas com tantos casos de acidentes envolvendo aeronaves particulares no Brasil. Não tenho dados precisos pra fazer comparativos e tirar qualquer conclusão sobre isso. Pode ser apenas impressão de algumas pessoas e pode ser que estas impressões estejam um tanto exageradas por conta do acesso amplo a notícias sobre tais acidentes. Mas é um fato a ser considerado e uma questão bem relevante pode ser levantada a partir dai, principalmente com autoridades e celebridades se tornando vítimas de acidentes e incidentes constantemente, o que amplia a cobertura e o acompanhamento por parte da opinião pública: Será que nosso país está cuidando da segurança aérea como deveria? No caso da aviação comercial, parece que sim, as coisas estão em ordem. Já na aviação privada, não sei se o que vemos é tão normal.

Este é o Monza, Não o "Novo Monza"

Escrito por William Santos | domingo, 24 de abril de 2016 | 19:59

Embora o assunto seja velho, às vezes se topa com versões equivocadas sobre este conceito da Opel de alguns anos atrás. É o Monza, mas não aquele que você imagina que seja. Este é inédito no mundo, sem qualquer vínculo com o que rodou pelas ruas brasileiras nos anos 1980 e 1990. A Opel, que deixou de ser a plataforma para os carros da GM no Brasil (embora o Corsa ainda esteja na linha, desde 1994, com o atual Classic), continua produzindo automóveis decentes na Europa. Em 2013, durante o Salão de Frankfurt, a montadora apresentou ao mundo o  tal Monza. Um concept car que, como todo carro conceito visto em salões, era apenas uma demonstração dos traços que os futuros lançamentos da marca receberiam.

Passou longe da Opel a intenção de relançar o Ascona. Isto é nítido pelo próprio conceito apresentado, que se aplica sobre uma carroceria nitidamente superesportiva, bem diferente do carro mediano, para famílias, que um dia foi o velho Ascona. A confusão sobre um "novo Monza" surge apenas por aqui, no Brasil e justamente por conta de termos convivido com o Ascona em nossa terra batizado por Monza. Lá fora o Monza Concept é um carro extravagante com a intenção de antecipar o que a Opel preparava para o futuro, mas aqui soou como o renascimento de uma lenda (sim, tá cheio de sedanzinhos médios lendários em nosso mercado. Até as Opaletas "mitam" por aqui...)

Além do mais, mesmo que o Ascona ressurgisse como um carrão daqueles, não chegaria por aqui. A Chevrolet, que representa a GM em nosso mercado, tá empenhada em vender uma linha produzida exclusivamente para "países emergentes". Entenda isto como: Carros que nunca entrariam em muitos países europeus, não apenas por não cumprirem todos os requisitos que muitos governos impõe sobre segurança, emissões, etc., mas também porque os consumidores simplesmente ririam da tentativa de alguém tentar vendê-los. Tente imaginar um Onix no mercado britânico, por exemplo (com crise européia braba e tudo o mais). Difícil né?

Bom, poderíamos ter a Opel no Brasil, ou a GM poderia importar e trocar as logomarcas (já fizeram isso com muitos outros modelos nos anos 90), pra parecer que é Chevrolet. Acho difícil. Pior ainda ao saber que aquele conceito, que não foi feito na intenção de ser o Monza brasileiro, devia custar pra lá de 200 mil contos se chegasse ao mercado.

Por fim, se o Monza renascer ele vai trazer de volta seu nome original alemão, como já citado anteriormente: Ascona. E ai sim, talvez, um relançamento poderia acontecer. Mas isso levaria décadas à frente (com umas 4 gerações de atraso), quando a GM do Brasil voltasse (se é que volta) a trazer da Europa alguns carros de verdade. Nada disso tem relação com o Monza Concept de 2013. Um "novo Ascona" seria outro projeto, outro carro, fazendo jus a um sedã médio urbano, não aquela espaçonave pousada no estande da Opel em Frankfurt em 2013.

Afinal, que fim levou o Ascona/Monza/Cavalier (nomes que o modelo recebeu em cada uma das marcas que o produziu: Opel, Chevrolet e Vauxhall, respectivamente)?

A resposta começa em idos de 1993/1994 e a história do fim do modelo no mundo coincide com um período empolgante para quem curte cultura automotiva no Brasil. Depois que Collor chamou de carroças [mal] motorizadas a produção nacional e abriu o mercado pra importação de máquinas de verdade, as montadoras nacionais ficaram espertas. No fim dos anos 1980 havia tanto atraso na atualização de modelos que a GM não conseguiu alinhar o Chevette ao seu correspondente europeu, o Kadett. Resultado: O Kadett entrou no mercado como um novo modelo e o Chevette passou por um facelift bem cretino, que o deixou com as fuças do Monza. Assim tivemos um Chevette próprio em nosso mercado, que fingia ser um mini Monza, e outro Chevette europeu que nos vendiam como se fosse de outra categoria.

Opel Calibra - O carro conceito que em 1990 foi para o mercado e revolucionou o design em sua década.
Nos início dos anos 1990, um belíssimo carro conceito da Opel apareceu em salões europeus. Ele teria grande importância para 1994, quando o Ascona seria aposentado (e sumiria para sempre). Era o Calibra. Suas linhas limpas influenciaram todo o design da Opel naquele período. Na Europa, a Opel
Vectra - Na Europa já substituía o Ascona (Monza), no
Brasil ele teve que conviver com o velho Monza por longos
anos ainda.
preparava o lançamento do Vectra, substituto natural do Ascona, com traços fortemente baseados no Calibra (faróis retos, grade frontal com abertura sem divisões -- exceto pela logomarca no centro -- lanternas traseiras e outros detalhes ao longo da carroceria do sedã seguiam os traços do conceito). Mas antes da concepção do Vectra, o desenho do Calibra já afetava os lançamentos da Opel e GM (A mini Van Lumina, por exemplo) e o sucessor do Opala (que no Brasil estava atendendo pelo vulgo Diplomata, naquela época -- e já servia a várias prefeituras como ambulância, em sua versão station wagon, enquanto o sedã fazia rondas na PM ), teria os traços limpos do Calibra. Assim a GM apresentou o Omega, o primeiro carrão brasileiro capaz de peitar Mercedes e BMW no nosso mercado em seu tempo. Como o Omega tinha um pouco do DNA do Calibra e a GM não tava afim de tirar o Monza de linha, resolveram então pegar o que podiam do Omega e socar no nariz e na busanfa do velho Monza. A lateral quase não mudou (inclusive a calha pra escoar a água do teto continuava lá, correndo sobre as janelas), mas ao receber novas frente e traseira o Monza se renovou a ponto de poder conviver com o Vectra e dividir o mercado por muitos anos aqui.

No meio da década de 1990, representando quase um zumbi entre modelos muito mais modernos, o Monza finalmente caminhava para o desaparecimento. Mas o Vectra que o sucedia na Europa tranquilamente, tinha dificuldades de fazê-lo aqui. Outra vez o atraso nas atualizações fez com que o mercado nacional não conseguisse digerir bem novos modelos. Então qual a atitude da Chevrolet? Trouxe o "novo Kadett"! (de novo???)

Sim, àquela altura até o Kadett já tinha ido pro beleléu na Europa. Lá a Opel havia colocado o Astra em seu lugar. Aqui o Kadetão reinava. Como os dias do Monza estavam contados mesmo, a Chevrolet trouxe o Astra, manteve o velho Kadett na linha e ofereceu uma alternativa pra quem considerava o Vectra (em sua segunda geração) sofisticado demais -- mentira! era só caro demais mesmo.

O Astra figurou no mercado quase como um "vice Monza", disputando popularidade com o Vectra até que as atualizações no Vectra o jogou para a faixa de luxo (facepalm) derrubando o Omega. Assim, o que começou como um Chevette, na Europa, finalmente avançou ao posto de Monza no mercado nacional no início deste século. E nada mais do velho Ascona sobrava em nosso mercado. Depois disso a Chevrolet desistiu da plataforma européia e decidiu zoar tudo de vez. Juntou partes do Corsa 94 e produziu uma tosqueira à qual, só de sacanagem, batizou de Agile. Era uma preparação para o que viria com uma nova linha puxada por Onix e outras bizarrices.

Arqueólogos Contra Produções Televisivas de Péssimo Gosto

Escrito por William Santos | sábado, 9 de janeiro de 2016 | 12:17

A TV quase sempre teve uma inclinação para o sensacionalismo e a apelação. Tudo pela audiência! Aqui no Brasil não importa muito se é moralmente aceitável explorar determinadas coisas. Se atrai público, atrai publicidade e grana. É assim que se financia um canal e é assim que a TV brasileira tem se transformado num circo dos horrores, mesclado a trivialidades e todo o tipo de porcaria apelativa.

Já foi pior. Houve uma época em que o brasileiro tinha quase nenhuma opção. Canais abertos são terríveis, mas é o que chega à maioria das antenas. Anos atrás, os canais abertos tinham ainda mais força para ocupar o espaço de mídia entre os brasileiros. E ali, entre as piores produções, tinha-se de tudo: Tragédias eram exploradas até a última gota de sangue, bundas estavam nos programas de auditórios em finais de semana, todo o tipo de vulgaridade -- mesmo para quem não é dado ao puritanismo -- se tornava assunto principal nas telas, debatido por pessoas de mentes vazias propagando tolices com toda pompa. Hoje podemos dizer que se a TV continua como antes, não é mais tão grave, pois o acesso a outras mídias está ocupando cada vez mais o espaço da TV. Francamente, nem sei como anda a programação, acredito que possa até ter descido ainda mais o nível, pois na guerra por uma audiência, que a cada ano é menor em todos os canais, deve fazer com que as apelações se intensifiquem. O fato é que não estamos mais diante da TV, não importa mais.

Felizmente o modelo de transmissão de TV no Brasil, que copia o norte-americano, não é o único no mundo. Existem lugares onde os canais não são financiados apenas por publicidade e não precisam se preocupar unicamente em ter telespectadores diante da tela para atrair capital. Nestes lugares, a exemplo da Inglaterra, quem compra um aparelho de TV paga uma pequena taxa pelo acesso ao sinal, isto financia os canais, que usam a publicidade como complemento. O que possibilita que cada canal trabalhe sem a pressão de conseguir telespectadores a todo custo. Com isto, os ingleses acostumaram-se a programação de alta qualidade na TV. Alta qualidade se compararmos a nós, claro. Mesmo assim, ainda nos dias de hoje, vez por outra algum canal tem ideias infelizes por lá. É o caso do Channel 5 com uma série que mescla reality show com documentário. Intitulado de Battlefield Recovery, o programa é feito por uma produtora independente que colocou entusiastas da Segunda Guerra Mundial em busca de souvenirs oriundos das batalhas enterrados em solo europeu. Seria uma série pautada por arqueologia, mas ninguém na equipe é arqueólogo e este é só um dos problemas menores nesta história.
Arqueologia ou violação de túmulos? Arqueólogos questionam a produção de Battlefield Recovery

Com amadores em campo, equipados com detectores e dispostos a tudo para encontrar artefatos enterrados e negociá-los, o programa propicia atrocidades e atos desrespeitosos, como violação de túmulos acompanhado de entusiasmos diante de restos mortais. O impacto disto diante da sociedade científica é extremamente negativo. Não, não é visto como divulgação do conhecimento. Está longe de ser um programa para envolver pessoas com fatos históricos e com ciência. É apenas apelação grotesca feita para ser vendida para TV e gerar um boa grana aos produtores.

A ideia nem é tão original. Anos atrás a National Geographic havia recebido uma proposta igual, com outro nome: Nazi War Diggers. Quase dois anos atrás, o canal tradicional no ramo de documentários cogitou colocar a produção no ar, mas voltou atrás diante de inúmeros protestos. O programa atual, que é uma releitura do fracasso anterior, foi oferecido a diversos canais que veiculam produções com a temática. Recentemente os produtores receberam outro não, desta do History Channel. Mas a proposta conseguiu ir adiante com o Channel 5 na Inglaterra, o que tem levado parte da comunidade científica, arqueólogos e telespectadores comuns, além de membros da mídia britânica, a protestarem contra a intenção de apoiar tal produção.

Mesmo assim o Channel 5 afirma que deve colocar o programa no ar. O canal considera que nenhum ato dos produtores tenha sido ilegal, e de fato não é questão de legalidade. Assim como aqui, o que é legal nem sempre é moralmente aceitável. Os produtores caminharam sobre túmulos e retiraram artefatos com o consenso de autoridades locais. É isto que os responsáveis pelo canal enxergam, apenas isto: Se não tem problema com as "autoridades", pode ir ao ar. Claro que falam em "profunda análise sobre as abordagens feitas no programa, blá, blá, blá..." Mas o fato é que reality shows do tipo tem dado audiência e este pode ser uma boa forma de atrair atenção para o canal. Olhemos pelo lado bom: Pelo menos os grandes, como History Channel e National Geographic, rejeitam tais ideias. Sem precisar apelar pela audiência, nem sobrevivendo exclusivamente com a grana de publicidade, estes canais podem se dar ao luxo de rejeitar propostas imorais, preservando o mínimo de qualidade em suas grades.

Fonte: The Guardian

Patrick Stewart Se Dispõe a Voltar em Jornada nas Estrelas

Escrito por William Santos | sexta-feira, 8 de janeiro de 2016 | 16:52

Deem um bom roteiro e não o obrigue a cavalgar. Com estas condições, Jean-Luc Picard promete voltar ao comando da USS Enterprise. Isto se Kirk permitir, claro.

As palavras de Patrick, ao responder a um fã da série sobre seu retorno, fizeram referências ao filme Star Trek - Generations, de 1996. No episódio, que marcou a transição da antiga tripulação, comandada por James Kirk, para a nova, sob o comando de Jean-Luc, os produtores levaram o velho William Shatner, ator que viveu Kirk, montar a cavalo em algumas cenas. Um dos momentos marcantes na história de ambos os atores, tanto que estão sempre fazendo alguma referência a isto até hoje, 30 anos depois.

“Absolutely... if it were a really good script. But, the poor soul is getting old and long in the tooth. He would probably need some help mounting his horse unlike the youthful captain of 30 years ago.”

Na verdade, não é assim tão simples a volta de Jean-Luc ao comando da espaçonave que é uma das
estrelas principais da franquia Star Trek. Atualmente os produtores dedicam-se a uma nova saga, revivendo o período em que a tripulação da série clássica se aventurava pelo espaço. Com novos atores, Jornada nas Estrelas voltou ao final dos anos 60 e fez muito bem.

Patrick Stewart viveu o respeitável capitão de uma nova geração, nos anos 80. Seguindo por sete temporadas na série para TV e voltando no final dos anos 90 para uma sequência de filmes que se iniciaram numa transição até bacana, onde contracenou com atores da série clássica e ficou frente a frente com o velho James Tiberius Kirk, como mencionado ateriormente.

Em que lugar, na nova saga de Jornada nas Estrelas, se encaixaria o capitão Jean-Luc Picard? No comando da USS Enterprise seria complicado. A tripulação clássica está muito bem nas telas e dividir espaço com o capitão Kirk não seria tarefa fácil -- Spock que o diga. -- Além disso, o restante da tripulação comandada por Jean-Luc dificilmente seria reunida por completo novamente, para uma ação em paralelo com os tripulantes da série clássica. Sem nave, Jean-Luc poderia aparecer em algum posto da Frota, exercendo funções como Almirante ou qualquer coisa do tipo, mas ai não teria tanto destaque, nem graça alguma.

Uma boa ideia seria fazer reviver Locutus, numa aventura envolvendo os tripulantes da nova saga (referentes à série clássica) contra inimigos da nova geração, os Borgs. Jean-Luc Picard, em um dos episódios para TV, foi assimilado pelos Borgs, transformando-se numa entidade cujo nome era Locutus. Depois, num dos filmes com a nova geração, ele teve que enfrentar os Borgs novamente e salvar todo o planeta Terra de ser assimilado. Será que viver um vilão nesta nova saga seria interessante para Patrick Stewart?

Uma coisa é certa: Voltar ao posto de capitão na USS Enterprise; só se duas Enterprises estiverem no episódio, pois Kirk não larga sua cadeira assim, nem mesmo para um capitão de 80 nos no futuro -- tempo que separam as duas gerações -- sentar nela e salvar a nave de algum apuro. Também há sempre a possibilidade de Jean-Luc assumir outra espaçonave da Federação, em apoio aos tripulantes da Enterprise. Enfim, tudo o que os produtores precisam fazer agora é pensar no que seria melhor para Jean-Luc Picard e, com um belo roteiro em mãos (e nenhuma cena com cavalos inclusa nele), convencer Patrick Stewart a voltar à franquia.

Será que ele topa mesmo?

A notícia sobre este provável retorno não é muito segura. Trata-se de uma declaração dada pelo próprio ator, após questionado por um fã através do Facebook. Patrick pode estar apenas sendo simpático com o garoto e não ter a mínima pretensão de voltar a assumir a cadeira de capitão da Frota Estelar novamente. De qualquer forma, se a coisa for pra valer, fica a expectativa de retorno dos atores (e seus respectivos personagens) que fizeram parte da construção de todo o universo trekker.

Fonte: Blastr

That Dragon, Cancer - Um Jogo Sem Modo Fácil

Escrito por William Santos | segunda-feira, 4 de janeiro de 2016 | 11:26

Até onde um game pode avançar sobre as fronteiras do entretenimento e tocar em assuntos sérios, promovendo reflexões profundas em torno de temas complicados? Lutar contra uma doença terminal, acalentar uma criança em seus primeiros anos de vida, que está prestes a encerrar sua jornada neste mundo...

O game That Dragon, Cancer, a ser lançado na próxima semana (12 de Janeiro), é tão profundo que jogá-lo não será uma missão para pessoas de coração fraco. Pelo trailer do jogo [no final do post] já é possível sentir o drama. Envolver-se com aquele pequeno bebê virtual, de apenas 4 anos de idade, que age e reage de forma idêntica a uma criança real, sabendo que sofre com uma doença incurável que ceifará sua vida em algum momento é bem diferente de combater criaturas estranhas em tiroteios e lutas, ou das aventuras tradicionais em games com os quais estamos acostumados.

Além do tema e do empenho dos roteiristas do jogo em um ótimo trabalho na narrativa, a equipe de arte contratada pela desenvolvedora (Numinous Games) caprichou tanto na parte gráfica quanto no áudio. O conjunto promete imergir o jogador no drama, que é real para muitas pessoas, fazendo com que cada um possa sentir na pele um pouco do que á luta pela vida diante de uma enfermidade terminal. E a vida de um filho tende a valer mais para cada um de nós do que nossa própria vida.

Definitivamente, neste jogo não existe modo easy.

O lançamento será para PC nas plataformas Mac e Windows. Existe a perspectiva de que uma versão para Linux seja lançada também, mas ainda não há confirmação sobre isto.

Abaixo, o trailer oficial do jogo


Fonte: Divulgação Numinous Games

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