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Depois de 'séculos' sem um post...

Escrito por William Santos | quarta-feira, 25 de março de 2009 | 14:34

De volta ao Blog, que ficou meio abandonado, para postar um "pequeno artigo" sobre o futuro da web e da sociedade, ou algo assim, enfim.

Mundo 2.0, uma nova sociedade quer nascer

Wikis são ferramentas da Web 2.0 que se baseiam em cooperação mútua entre centenas de milhares de pessoas espalhadas pelo planeta. Suas várias formas compõem um mundo onde todos colaboram com todos. Hoje, wikis ensaiam os primeiros passos rumo ao futuro de sociedades menos dependentes do controle de instituições, como governos, e livres do domínio de corporações empresariais.

Nada que um anarquista não tenha sonhado um dia, porém mais real do que qualquer cidadão de uma sociedade acostumada a ser controlada por interesses comerciais (assim na economia como na política e até na justiça) imagine que possa acontecer neste momento.

A mais famosa wiki é a enciclopédia Wikipédia, escrita e editada por todos que a acessam, hj compondo a mais completa enciclopédia virtual no mundo, e sem limites para expandir-se. Mas o conceito wiki, cuja palavra tem origem no Havaí e significa “rápido”, vai além da Wikipédia e envolve praticamente todo o tipo de colaboração, saindo dos limites do bit e indo para o mundo real.

Antes da Wikipédia já existia o e-Bay, um site de compra, venda e leilões, o nosso “Mercado Livre”. Um feirão online onde compra e venda e feita diretamente entre qualquer pessoa, sem intermédio de nenhuma grande empresa. Artesões na Indonésia vendem sua produção a cidadãos nova-iorquinos de forma direta, ainda que em shoppings de NY existam produtos semelhantes, produzidos por grandes indústrias multinacionais, o artesão consegue chegar até seu cliente do outro lado do mundo, oferecer o produto, negociar o preço e superar qualquer gigante industrial. Coisa impensável há menos de duas décadas, e que hj desafia conglomerados capitalistas. O e-Bay (Mercado Livre e Cia) criou o sistema seguro na rede para as transações comerciais, e derrubou centenas de anos de tradição capitalista, onde produzir e vender são privilégios de poucos.

Claro que as grandes indústrias não vão fechar suas portas amanhã, quando o acesso à web estiver ao alcance da maioria das pessoas no globo, mas sua participação na economia mundial deve mudar um pouco, ou um bocado. Pequenos empreendimentos podem alcançar o sucesso de multinacionais sem que pra isto invista toneladas de cifrões em filiais, mundo a fora. Isto, por si só já é uma revolução considerável que, neste momento, ocorre na rede (quer comprovar? Visite o Mercado Livre e veja quantas pequenas lojinhas estão lá, oferecendo produtos a preços super competitivos. Muitas destas lojinhas surgiram na web, com uma pessoa que, por exemplo, resolveu vender sua máquina digital antiga, após comprar uma nova).

Do e-Bay à Wikipédia foi um pulo, e hoje existem redes de colaboração na web envolvendo profissionais de diversas áreas. São conjuntos de pessoas que se reúnem online para se aperfeiçoarem, ao invés de se matricular em um curso. Até as poderosas instituições educacionais profissionalizantes entraram em xeque, e o conhecimento restrito aos que podiam pagar por ele aos poucos se torna livre a quem busque por. A indústria do conhecimento, como qualquer outra, que se valia da escassez para vender, deve perder espaço logo, e vai se contentar com as migalhas, ficando ela restrita a vender seu “produto” aos que não dispor de tempo para utilizar a web.

Na mesma linha de colaboração mútua surgiu o “Voluntariado em rede”, neste trecho extraído do livro “Para Entender a Internet – Noções Práticas e Desafios da Comunicação Em Rede”, que é distribuído gratuitamente através de uma licença ‘Creative Commons’, e tem autoria de vários especialistas, muitos mestres, professores de comunicação, ou áreas relacionadas, em grandes universidades, como a USP, UFRGS, PUC-RS, etc. dá pra ter uma idéia de como a Internet pode mexer com a sociedade em breve.


Embora a força da sociedade civil esteja no engajamento pessoal dos cidadãos, a sua porção mais visível é organizada e institucional, através das associações e ONGs. O mesmo ocorre com o voluntariado: a maioria dos especialistas, mídia e governos referem-se sempre a sua dimensão institucional, subestimando o poder de milhões de cidadãos que utilizam criatividade e talentos pessoais para trazerem soluções para suas comunidades, independentemente de apoio formal ou organizado.”

(...)

“O V2V permite que pessoas possam oferecer e buscar oportunidades de ação voluntária, sem a necessidade de se vincularem a uma instituição formal.
Seguindo a mesma inovação que o site de leilões e-bay fez no mercado de varejo, criando um ambiente confiável para que as pessoas pudessem não apenas comprar, mas também vender os seus produtos, o V2V incentiva voluntários a se tornarem produtores, e não somente consumidores de oportunidades de voluntariado – pessoas comuns como agentes de mudança positiva na sociedade.


O poder de promoção do voluntariado em sua comunidade local é dado diretamente ao indivíduo. Reduzindo intermediação e formalidade nas interações entre voluntários é possível ampliar significativamente os canais de participação social. Ao dar visibilidade às pessoas e seus interesses, a rede proporciona encontros, trocas de experiências e inspiração para quem quer agir.”


Para Entender a Internet - Noções, práticas e desafios da comunicação em rede Pags – 78 e 79
Autores do capítulo de onde foram retirados os trechos acima:

(Bruno Ayres @bayres - administrador com mestrado em Ciência da Informação pelo IBICT/UFRJ. É co-fundador e diretor do Portal do Voluntário/Comunitas e do V2V Networks. Juntamente com a equipe do Portal do Voluntário a da Fundação Chandra (Espanha), criou a tecnologia V2V (Volunteer-to-Volunteer), uma ferramenta de redes sociais para gestão de programas de voluntariado que é usada por organizações, governo e empresas no Brasil e nos EUA.

Marianna Taborda @maritaborda - gerente de comunidades do Portal do Voluntário/Comunitas e do V2V Networks. Ambos projetos desenvolvem redes sociais para fortalecer o voluntariado corporativo de empresas como Starbucks Coffee, Banco Itaú, HSBC, Embraer, Vale do Rio Doce, IBM e Bradesco. Mestre em Comunicação e Cultura pela UFRJ e bacharel em jornalismo pela PUC-Rio. Especializada na gestão e articulação de redes.)

O Voluntariado 2.0 em sua essência traz a máxima do “faça você mesmo”, um lema anarquista que ecoa pela rede hoje e deve ser o norte social onde estaremos nos próximo anos. Wikis vieram pra ficar, cresceram e deram origem às diversas variações que conhecemos na rede, estão ganhando o mundo real, e cada vez mais pessoas se conectam. Aos poucos os movimentos livres de cooperação devem transformar a sociedade, isto é uma tendência. Cada vez mais as pessoas descobrem que a Internet tem um poder superior ao das mídias às quais estão habituadas, TV, Rádio, Imprensa... e notam que aqui é possível participar. Se quisermos, podemos mudar a realidade em que vivemos, não há entre mim e vc governos, empresas ou qualquer outra coisa que nos desvie dos nossos objetivos, ou atrapalhe nossa interação, temos uma janela para o mundo e todo o conhecimento à nossa disposição. É só buscar, baixar, receber e contribuir para seguir em frente.

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