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A Carta de Einsten em Apoio a Marie Curie, Contra o Sensacionalismo e Falsos Moralistas

Escrito por William Santos | quarta-feira, 10 de dezembro de 2014 | 12:37

Em uma das cartas escritas por Albert Einstein, entre várias que hoje se encontram publicadas online através da Universidade de Princeton, é possível ver como o cientista se preocupava com colegas e repudiava a ação de boateiros, alguns inclusive ligados a imprensa, invadindo a privacidade e criando estórias para vender papel manchado com tinta barata ao público. Alimentada por preconceitos e até ódio, algumas manchetes sobre a vida pessoal da pesquisadora eram mais interessantes do que aquelas abordando suas contribuições para o conhecimento humano. E acabavam se reproduzindo com mais intensidade, espalhando no meio público todo tipo de estupidez em nome do sensacionalismo.

Estamos diante de uma imprensa do início do século XX, há pouco mais de cem anos atrás, mas que mantém a mesma face nos dias de hoje. Distorcendo, manipulando e criando sensacionalismo para prender a atenção do maior número de pessoas possíveis. Pouco, ou quase nenhum escrúpulo, ainda são as regras do jornalismo em nosso mundo.

Pra entender um pouco mais a respeito da fúria de Einstein sobre a boataria em torno de Marie Curie, neste caso, é importante saber que ela, a brilhante cientista de origem polonesa, se destacava muito naquela época. Chegou a dois prêmios Nobel inclusive, um feito inédito na ocasião. Em 1903 ela dividiu seu primeiro prêmio com o esposo, por descobertas no campo da radioatividade. E menos de uma década depois, em 1911, ela recebia outro Nobel, por contribuições à química com a descoberta de novos elementos, o polônio e o rádio. Cem anos atrás, portanto, uma mulher se destacava no meio acadêmico e científico com descobertas e contribuições que iriam ajudar a moldar a ciência do século XX. Seria interessante se a opinião pública e a imprensa se ocupasse em festejar estas coisas e mostrar o quanto isto era bacana. Mas, assim como hoje, alguns estavam mais interessados em trollar a senhora Marie, vasculhar sua vida pessoal, fazer julgamentos, esforçando-se para diminuir seu brilho diante da opinião pública.

As implicâncias com Marie Curie se intensificam após a trágica morte de seu marido e parceiro em pesquisas, Pierre Curie. Três anos após o primeiro Nobel dedicado aos dois, Pierre sofre um trágico acidente. Marie continua os estudos e segue com as pesquisas por conta própria. Neste meio tempo, aproxima-se de um estudante de doutorado, Paul Langevin. Esta aproximação, aos olhos da imprensa, era mais interessante do que os estudos de ambos. Paul havia sido aluno de Pierre, agora estava ao lado da viúva de seu professor. Além disso, Langevin fora casado e estava 'afastado' da esposa, mas não separado oficialmente. O relacionamento entre Curie e Langevin passou então a ser o foco das atenções. Ai entra tudo o que sabemos sobre apelos a moralismos baratos e boataria irresponsável, tentando ocultar o brilhantismo de uma grande mulher.

Eis que Einstein, já com a paciência esgotada, resolve escrever para sua colega. Na carta é possível perceber que Albert não está muito a vontade com o assunto, mas não consegue se conter e demonstra que precisa desabafar. Oferecendo apoio a Marie, ele expõe sua fúria em trechos onde não poupa xingamentos aos "répteis", almas rastejantes e frias que se alimentam da sujeira que emana dos boatos e acusações infames contra uma figura tão admirável quanto aquela mulher que se debruçava sobre estudos a respeito da radiação e empunhava duas medalhas por isso.

Tradução: Versão própria com base no conteúdo da carta [Não fiel a todas as letras]
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