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Máquinas Inteligentes e o Futuro de Certas Profissões

Escrito por William Santos | terça-feira, 12 de fevereiro de 2013 | 17:48

Pilotar um avião comercial com centenas de passageiros e cargas requer saber operar computadores a bordo. Basicamente programar uma rota e monitorar o funcionamento de tudo. Em aeronaves de uma certa classe, fabricada desde o final dos anos 80, no século passado, até mesmo os comandos manuais não passam de comandos dirigidos a computadores e são os computadores quem de fato realiza as manobras sugeridas pelos pilotos. As máquinas pilotam, literalmente, levando milhares de pessoas aos seus destinos. Humanos na cabine apenas as abastecem com dados e informações e sugerem manobras, mas são os computadores quem levam o avião para todos os lugares em segurança.
Aeronaves inteiramente automatizadas já são uma realidade no setor de defesa realizando operações sem nenhum piloto a bordo.
Sistema de automação de veículos terrestres do Google 
Enquanto na aviação os computadores tomaram os comandos sem muito alarde, nas ruas e estradas eles prometem causar mais espanto. Sobre trilhos, muitos trens já são bastante automatizados e seus controles obedecem as ordens vindas de linhas de códigos em softwares. Desta forma, o operador deste tipo de veículo pode até ser dispensado, embora eles ainda ocupem seus postos nas cabines a bordo destes trens para acompanhar o andamento das operações, algo similar ao que faz um piloto de avião em aeronaves modernas, há lugares onde o "maquinista" simplesmente foi abolido. São os metros totalmente automatizados, como o de Dubai. Esta categoria profissional não é a única a sofrer ameaças de extinção. Em breve outros veículos sobre rodas também vão ganhar automação total e então condutores de ônibus passarão a ter uma tarefa mais tranquila observando telas com informações, programando computadores a bordo e cuidando para que tudo funcione direito dentro do coletivo. Dirigir mesmo, só os computadores estarão incumbidos desta tarefa.

Robô cirurgião
Mas o avanço das máquinas, em uma jornada que teve início há milhares de anos e acentuou-se bruscamente durante a revolução industrial, deve chegar aos postos considerados mais nobres em trabalhos executados por humanos. Robôs já auxiliam em cirurgias há um tempo. Mas servir de ferramenta em operações comandadas por um humano não põe em risco a profissão dos médicos. Acontece que pesquisas com inteligência artificial já sinalizam que computadores podem substituir médicos em certas tarefas, como a de diagnosticar enfermidades e receitar medicamentos. E não apenas substituem, mas o fazem com maior eficiência. Desta forma, a possibilidade de sistemas autômatos serem desenvolvidos para agilizar o processo de diagnósticos médicos, reduzindo erros humanos, é uma questão de tempo -- pouquíssimo tempo, é bom saber.

Já que a inteligência artificial evolui e cada vez mais os sistemas inteligentes auxiliam no seu próprio desenvolvimento, criando máquinas mais inteligentes que ajudam a desenvolver máquinas ainda mais sofisticadas e capazes de façanhas maiores, uma hora os robôs médicos também estarão realizando cirurgias nas salas de operação com percentual de erros e falhas beirando o zero e com custos extremamente baixos se comparados ao que temos hoje. Isto dará acesso a maioria das pessoas a intervenções médicas que atualmente elas não seriam capazes de custear.

Hoje as máquinas auxiliam engenheiros de diversas áreas, mas no futuro elas serão capazes de realizarem projetos inteiros sozinhas, apenas abastecidas com dados sobre o que se pretende com tal projeto. Engenheiros serão necessários apenas na lapidação de alguns detalhes e na hora de abastecer tais máquinas com informações necessárias a um projeto, assim como um piloto de avião faz hoje em dia. Advogados também deixarão de ser tão necessários em sistemas judiciais automatizados. Até mesmo juízes terão um trabalho menos complicado no futuro. Boa parte das análises sobre processos poderão ser digeridas em segundos, acessando inúmeros dados e cruzando informações. Na verdade, as máquinas já agilizam certas coisas hoje em dia, mas com a ampliação da inteligência artificial elas serão capazes de muito mais do que servirem de máquina de escrever e arquivos digitais.

Ir ao mercado? A própria geladeira faz o pedido, pesquisando pelo menor preço na web e
realizando o pagamento. A tecnologia já é realidade e protótipos existem desde 1998.
Outra categoria que deve reduzir bastante é a de vendedores. O comércio virtual tem se expandido bastante ultimamente e tende a ser enorme no futuro. Boa parte das lojas físicas irão sucumbir até sumirem completamente em coisa de um século. Sim, até a compra de alguns pães poderá ser feita por um smartphone em padarias virtuais perto de casa, sem a necessidade sequer de sair na rua. Associe isto a uma logística completamente automatizada, com veículos autômatos e linha de produção robotizada. É possível que o seu pãozinho seja feito apenas por robôs e computadores, embalado e despachado sem que nenhum se humano tenha contato com ele. E o dono da padaria talvez nem more na mesma cidade que você, ou sequer no mesmo estado e administre o negócio todo via web.

Adquirir um carro novo, uma casa, tudo isto poderá ser feito de forma direta com os construtores e fábricas, sem muitos intermediários. Corretores? Estes apenas administrarão sites, ou aplicativos, que serão responsáveis por interligar compradores e produtos, ou bens. Algo similar ao que certos serviços tem feito atualmente com o comércio virtual, com sistemas de buscas que reúnem os menores preços encontrados nas lojas virtuais e sobrevivendo de comissões sobre cliques, visualizações e transações.

O jornalismo ganhará cada vez mais automatização também. Sistemas sofisticados de coleta de conteúdo nas redes sociais podem montar páginas sem intervenção direta de um editor humano. E sistemas assim já existem, coletando informações publicadas em grandes portais de notícias atualmente, algo não muito diferente de um super feed que organiza as matérias vindas de diversas publicações. Mas no futuro sites inteiros poderão noticiar acontecimentos em tempo real publicando a partir de relatos nos diversos locais onde estejam acontecendo fatos relevantes. E a relevância destes fatos será determinada pelo próprio leitor, definindo como o sistema deve buscar e organizar as notícias. Basta acessar o serviço Google Notícias e ter uma prévia do que é dito aqui.

A tecnologia que pode causar estas transformações já está quase totalmente operacional. Pouca coisa precisa ser criada, ou melhorada, até que tudo o que foi relatado venha a ser posto em prática. Algumas coisas já estão ai, no nosso cotidiano, precisando apenas de tempo para avançar ao patamar descrito neste post. O fato é que assim como a revolução industrial transformou algumas profissões comuns no passado e extinguiu outras, o avanço da inteligência artificial, das redes e dos dispositivos computacionais não vai poupar boa parte das profissões que ainda resiste, submetendo-as a enormes transformações, ou até mesmo decretando o fim de algumas delas.
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