O acordo é semelhante ao que mantém outras marcas famosas de empresas já extintas, como é o caso da Polaroid. Isto dá uma ideia de quanto é valiosa uma marca bem estabelecida no mercado. Mesmo a empresa já tendo falido, sua marca permanece ai rendendo grana por si só.
Historico de Inovações
Não é para menos, a Kodak inventou a forma como fotografamos hoje em dia, e fez isto duas vezes, iniciando duas eras -- ou uma era e meia -- na história da fotografia. Um de seus fundadores é o inventor do filme fotográfico, feito realizado no final do século XIX. Nada menos do que a tecnologia que colocou uma máquina fotográfica nas mãos de qualquer mortal nos séculos seguinte. Depois, ainda na metade dos anos 70, já no século XX, um de seus engenheiros criou o primeiro sensor capaz de captar imagens e transformá-las em registros digitais. Uma tecnologia que só viria a se popularizar quase vinte anos depois, já nos anos 90.
Se na sua primeira grande invenção a empresa conseguiu se dar bem, na segunda ela dormiu no ponto. Sabe-se lá por qual motivo, mas a Kodak não quis investir nos sensores de imagens digitais. Especula-se que a empresa tenha ficado temerosa em ver o mercado de filmes fotográficos definhar a partir da disseminação daqueles sensores. Naquela época a Kodak faturava rios de dinheiro com os filmes. Máquinas eram produzidas também, mas a principal fonte para a Kodak eram os filmes.
Como todos sabemos, as coisas mudaram bastante logo após o surgimento das máquinas digitais. O que a Kodak temia em 1976, quando viu a tecnologia de sensores de imagens digitais nascer em um de seus laboratórios, aconteceu no início dos anos 90. No ano passado, com o desaparecimento da 'fotografia analógica' cada vez mais próximo, a combalida Kodak pediu falência ao ver sua mina de ouro extinguir-se. A produção de máquinas, já com tecnologia digital, não foi o suficiente para manter a empresa. Este é um exemplo do quando é perigoso, para uma companhia que atua no ramo de tecnologia, acomodar-se diante da possibilidade de inovação.
Outras Companhias Cometeram o Mesmo Pecado
Tudo bem que a Kodak não seja o único exemplo de empresas que tiveram a chance de lançar inovações que mudariam o mundo, mas deram as costas para esta possibilidade. A HP recebeu a honra de ser apresentada ao primeiro protótipo de computador pessoal, quando Steve Wozniak levou seu computadorzinho de madeira até um dos diretores da empresa que não viu nenhum futuro em investir naquilo. Sorte dele e do Steve Jobs que, produzindo seus computadores na garagem de casa, chamaram a atenção da Intel e deu no que deu. A Intel investiu míseros US$ 250 mil na empresa de fundo de quintal deles, com nomezinho um tanto ridículo: Apple Computers. No ano seguinte seus produtos eram uma febre e os caras já estavam nadando na grana.
Com a Xerox não foi diferente. A companhia contratou engenheiros realmente geniais que aprimoraram o conceito de computador pessoal criando tudo o que temos hoje diante de nossas mesas, incluindo mouse e sistemas operacionais com interface intuitiva, cheios de ícones, menus e janelas. Mas o projeto foi recusado porque a Xerox achou extravagante demais -- e não iriam investir uma montanha de grana numa coisa cujo nome era rato. Resultado: depois de serem jogadas no lixo, as inovações produzidas nos laboratórios da Xerox em Palo Alto, nos EUA, se transformaram em bilhões para a Apple e IBM, além da Microsoft. A diferença é que no caso da Kodak a estupidez de rejeitar a chance de inovação armou uma bomba debaixo dos narizes deles. E a contagem regressiva não pôde ser contida pelos esforços da companhia, vindo ao final trágico.
Como uma companhia centenária e com enorme importância para o desenvolvimento de tecnologias voltadas para o mercado fotográfico, ela se manterá como um ícone na história. O fato de hoje, um ano após sua falência, sua marca ser negociada para uso por outras empresas dá uma ideia do quão a Kodak merece ser eterna.
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