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Cassini-Huygens - Uma Década Depois do Pouso Mais Distante

Escrito por William Santos | sexta-feira, 16 de janeiro de 2015 | 15:44

A missão era audaciosa e histórica. Ir até o gigante gasoso Saturno, conhecido por seus belos anéis. Lá uma sonda faria as vezes de nave mãe, orbitando não o super planeta, mas uma de suas "luas", uma das mais fascinantes delas, Titã.

Estudos sobre Titã já indicavam que o satélite natural de Saturno tinha muita coisa bacana embaixo de sua camada de nuvens. Espectroscópios revelavam compostos químicos por lá que faziam de Titã uma espécie de imagem do passado Terrestre. Muito metano, oceanos e lagos da substância, densas nuvens e quase tudo congelado pela distância em relação ao Sol. A possibilidade de vida em Titã, ou do desenvolvimento da vida por lá, assim como aconteceu por aqui, alimentou a curiosidade de muitos por décadas desde que os primeiros dados coletados desenharam a composição do satélite. Ir até lá era necessário.

Em 1982 foi dado início ao projeto de uma missão não tripulada aos confins do Sistema Solar, rumo a Titã, em busca dos lagos de metano e densas nuvens ricas em elementos fundamentais para construção de seres vivos. Só em 1997 os módulos conseguiram decolar e começaram sua jornada que, em 2004, alcançaria a espetacular acompanhante de Saturno. De Julho de 2004 a Janeiro de 2005 a sonda permaneceu coletando dados em órbita, unida ao módulo que tinha a missão mais difícil e arriscada: aterrissar em Titã. E foi no dia 14 de Janeiro que o fato ocorreu, Cassini soltou o módulo Huygens rumo a superfície. O pouso foi um passo histórico para a humanidade. Agora tínhamos nossa presença num corpo espacial a meio caminho do extremo de nosso Sistema Solar. Um artefato criado por mãos humanas não apenas alcança uma "lua" em Saturno, mas pousa lá e envia dados de sua superfície de volta para a Terra.
A imagem real da superfície de Titã, capturada pelo
módulo Huygens, que por pouco mais de uma hora
enviou dados da superfície para a Terra.

Huygens trabalhou por pouco mais de uma hora, coletando e transmitindo dados. Suas baterias chegaram ao fim, sem nenhuma tomada por perto, e a missão foi completada com sucesso. Até os dias atuais estes dados ainda estão em análises por inúmeros cientistas pelo mundo todo, revelando nuances sobre Titã que só é possível conhecer ao experimentar o toque no solo gélido.

A primeira imagem da superfície chegou à Terra horas depois do pouso. Nela é possível ver rochas 'lapidadas' pela ação do clima em Titã. O satélite natural de Saturno possui semelhanças com a Terra não só em compostos orgânicos, mas também em ciclos que geram alterações climáticas. Há evaporização de líquidos e precipitação, bem como ventanias. Nuvens vagam pelo céu, se formando e dissipando-se em chuvas de metano basicamente. Com isto, não só lagos e oceanos surgem, mas rios caudalosos correm e enxurradas moldam parte da superfície, criando um cenário que nos parece bem familiar.

O deserto frio visto na imagem exibe uma espécie de irmã gêmea da Terra que não se desenvolveu como nós, mais próximos do calor do Sol. Titã também pode ser "viva por dentro". Há indícios de que seu interior ainda esteja aquecido o bastante para acionar vulcões. As erupções costumam lançar gelo e alguns hidrocarbonetos pelos ares, ao invés de rochas derretidas e fogo, como temos aqui na Terra. Com estes indícios, também se sabe que água pode fluir pelas entranhas do satélite. Na superfície a água em estado sólido é triturada pela ação do clima extremo, da erosão causada pelo impacto de ondas de seus oceanos, e cria uma camada de "areia de gelo", que formam dunas gigantescas. Mas talvez abaixo do solo, preservados pelo calor interno de Titã, existam reservatórios de água líquida que explodem em vulcões em certas áreas.

A existência de um clima dinâmico, transformações ativas de elementos em sua atmosfera, líquido na superfície e água, entre outras coisas, tornam Titã um mundo interessante dentro de nosso próprio Sistema Solar. Agora, após uma década do pouso da sonda Huygens, é perceptível que a ida até lá não foi em vão.
Fonte NASA - JPL News | Jet Propulsion Laboratory |
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