Ainda não entendi a 'lógica jotajuniana' de pousar Airbus. Mas, pelo visto, governo e empresas vão se safar de suas responsabilidades na tragédia que vitimou 199 vidas em Congonhas.
Jota Junior (jornalista (?) na Paraíba), foi o primeiro a taxar como falha humana a única causa do acidente, dois dias após a tragédia, em uma performance impressionante, onde demonstrou como o procedimento – segundo ele – correto salvaria a todos. Foi o Jota quem desenvolveu o método de "cavalo-de-pau" em Airbus na hora do pouso: "-- Eu teria rodado este avião ali mesmo!" no momento do toque na pista.
Agora, lendo notícias sobre conclusões oficiais a cerca do ocorrido, vejo que a polícia conclui de que os pilotos erraram ao pousar acelerando um dos motores. Antes de tudo é preciso ter cautela, até porque nossa imprensa é mais ou menos o que o Jota representa, afobada, pouco informada e vive lançando notícias com informação atravessada.
Um dos motores acelerou sim, e um dos manetes foi parar na posição de aceleração máxima (pelo que li sobre). Sabe-se lá por que, talvez tenha ido para esta posição no momento do impacto, e então uma coincidência pode levar a conclusões que vem a calhar para governos e empresas, facilita muito a intenção de jogar a culpa em quem está morto, e não pode se defender, nem responder.
Na imprensa, a coisa foi noticiada como se os pilotos, por algum motivo (da falta de treinamento até dores de cabeça durante o vôo), tivessem resolvido pousar o A320 acelerando um dos motores. Lembro que o sistema de automação do Airbus reagiu, de fato, realizando a aceleração naquele motor em que não foi acionada a reversão, isto teria ocorrido automaticamente! Assim que a reversão fora aplicada num dos motores (por meio da alavanca que controla a potência), o motor em que não poderiam acionar reversão começou a ganhar potência. Por sinal, teria sido isto a causa da curva para esquerda, criticada pelo Jota e apontada como agravante no erro dos pilotos. Para o Jota, os pilotos tinham total controle da situação e poderiam decidir para onde 'virar' a aeronave quando bem quisessem. Saiu uma informação nos dias seguintes ao desastre de que a manete do motor direito estava em uma posição de aceleração, foi encontrada assim, e para quem não tem noção de como um Airbus funciona, a soma de tudo parece definitivo, a impressão é de que os pilotos teriam enlouquecido, e diante de uma pista molhada resolveram pousar acelerando, resultando no terrível acidente.
Nenhum piloto aterrissaria acelerando ao máximo. Menos ainda apenas um motor (gerando assimetria de potência e desestabilizando completamente a aeronave). Ainda menos em Congonhas, e com chuva, e num Airbus lotado! Minha impressão é de que houve uma pequena falha sim, no posicionamento da manete do motor direito, mas foi um pequeno deslize, de milímetros – como pude ver no FDR (dados da caixa preta) que foi publicado na web no ano passado – isto talvez tenha gerado uma confusão no sistema de automação do A320, que acelerou o motor direito ignorando a reversão aplicada ao esquerdo, e impossibilitou a frenagem da aeronave. O fato de após o impacto a manete do motor direito ter ido parar na posição de aceleração pode ser apenas coincidência, afinal os pilotos tentavam desacelerar a aeronave, e após o impacto a alavanca pode ter sido movida para frente de forma involuntária. É fato que os pilotos tentavam desacelerar, está na gravação de voz da cabine: "—Desacelera, desacelera!". Então como a polícia chegaria à conclusão de que foram os pilotos culpados por acelerarem a aeronave, desconsiderando toda a parafernália que automatiza certas decisões no Airbus?
Simples, provavelmente a polícia não esteja dizendo exatamente o que a imprensa divulga. A conclusão da polícia deve passar pela interpretação da imprensa, e esta associa a aceleração de um dos motores à decisão dos pilotos em cometer tal loucura, desconsiderando que tudo passaria antes pelos computadores do A320, para só então ser executado.
Voltarei a este assunto em outra ocasião.
(to be continued...)
Postar um comentário