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A Aeronave Que Fez a Indústria Aeronáutica Brasileira Decolar

Escrito por William Santos | segunda-feira, 11 de agosto de 2014 | 12:34


Em um 11 de Agosto como este, no ano de 1994, um jato prateado reluzente acionava seus dois propulsores Rolls Royce para rolar pela pista de São José dos Campos, na sede da Embraer. Era um novo marco na história do país sendo estabelecido a cada metro de pista consumida pela aeronave mais avançada já desenvolvida em solo nacional até aquele momento. E a Embraer, recentemente privatizada, fazia uma audaciosa aposta no mercado de jatos comerciais.

Expandido os horizontes, hoje a Embraer se envolve em
projetos como o do KC 390. Um cargueiro de alta
performance
Quando a Embraer começou o desenvolvimento do EMB 145 ela ainda era uma estatal. Estava em vias de ser privatizada e usou o projeto ousado de uma aeronave para o mercado da aviação regional como um atrativo aos investidores que, um ano depois, viriam a negociar a aquisição da empresa junto ao governo brasileiro. Tudo aconteceu de forma bastante rápida. O EMB 145 decolou em tempo recorde se comparado a outros projetos semelhantes de outras empresas e impulsionou a Embraer a se estabelecer entre as 4 grandes empresas em menos de uma década nos anos seguintes. Hoje a empresa
está na terceira colocação entre as maiores fabricantes de jatos comerciais e desenvolve produtos ainda mais fantásticos, a exemplo do KC 390, nada menos do que uma aeronave de carga e transporte de tropas de última geração, feita no Brasil, para substituir os lendários cargueiros das forças armadas nacionais e ajudar empresas do ramo logístico a ganhar os céus. Entre estas empresas está os Correios, que pretende colocar o primeiro cargueiro desenvolvido e fabricado pela Embraer em sua frota.

Usando a mais alta tecnologia disponível na metade da década de 90, a Embraer conseguiu produzir uma aeronave versátil para operadores que atuam em aeroportos pequenos, em rotas de curtas distâncias. Mas além da versatilidade do EMB 145, que depois passou a ser batizado de ERJ 145 (Embraer Regional Jet), outra característica seria um grande atrativo para o produto: o custo. Já no desenvolvimento e na produção do primeiro jato, engenheiros da Embraer se surpreenderam com a precisão dos softwares usados no desenho da aeronave. O "protótipo virtual" do EMB 145 previa a quantidade exata de componentes a serem instalados, como cabos, parafusos, etc. Engenheiros acostumados a realizarem cálculos manuais para levantar os custos destes componentes, sempre acrescentavam uma margem extra, por segurança, para elaboração do orçamento do projeto. Assim fizeram em relação ao EMB 145, pegaram os dados sobre a quantidade de cabos a serem aplicados na primeira unidade fabricada e acrescentaram uma margem extra para aquisição, evitando surpresas que implicasse em custos além do orçamento. No final, como era de se esperar, sobrou um pouco dos cabos. A sobra estava prevista e era comum, esta era a margem de segurança pro orçamento. Mas alguém teve a curiosidade de checar se aquela sobra equivalia ao volume de cabos que sobraria se os dados fornecidos pelos softwares no projeto estivessem certos. Lá estava cada centímetro que os engenheiros haviam acrescentado em sua margem de segurança. A bordo do jato, foram gastos a exata quantidade de material que o software previa que fosse. A lição permitiu a engenharia da Embraer confiar mais nas ferramentas que tinham a disposição e isto derrubou o custo de produção das aeronaves, levando a empresa a competir diretamente com as gigantes do setor.
Servindo na vigilância da Amazônia, através do SIVAM, pela Força Aérea Brasileira.
O EMB/ERJ 145 foi um sucesso e logo vieram as versões menores, ERJ 135 e ERJ 140, com menos assentos, e as versões militares que dariam suporte ao projeto de vigilância da Amazônia, o SIVAM,
E-Jet 190. O passo seguinte, que garantiu a
expansão comercial da Embraer.
posto em prática pela Força Aérea Brasileira no final dos anos 90. A Embraer então mergulhou de vez no mercado de jatos comerciais e expandiu sua linha de produtos. Vieram os E-Jets 170, 190 e 195, com maior porte e em média o dobro de capacidade de passageiros dos ERJ. Com os E-Jets a Embraer conquistou clientes de grande porte no mundo da aviação. Empresas como KLM, United, Jet Blue, JAL, Air France, Air Canada, Virgin, Britsh Airways entre outras passaram a operar com jatos desenvolvidos e produzidos aqui no Brasil pela Embraer.


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