O Pop ridículo das Spice Girls estava no topo das paradas quando a MTV chegou a minha cidade. Confesso, curtia até o clip delas. |
Melanie Chisholm. Musa, naquela
época, entre as Spice Girls.
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A MTV me trouxe bastante informação interessante sobre música mundial, e não apenas pop comercial industrializado. Não digo que influenciou meu estilo diretamente, mas sanou uma demanda por sons e imagens que há muito existia. Marcou época. E passou...
Sufocada Pela Internet
Veio a era da internet. Me conectei pra valer mesmo em 2003, por incrível que pareça. Se quer saber, em minha cidade ainda tem gente excluída da web, pois só há um provedor de conexão banda larga no local, e esta operadora não tem disponibilidade de portas na região central há quase uma década. Nas áreas mais periféricas, a cobertura é tão precária que só com sorte se consegue uma linha. Tanto é assim que o número de antenas para "internet via rádio" sobre o telhado das casas só não supera o de antenas de TV. É assim que a maioria em Bayeux se conecta à rede mundial de computadores, por míseros 1 Mbps cobra-se uma fábula e entrega-se uma conexão tão ruim quanto aquela de 48 Kbps que eu tinha no meu Pentium 233 MMX do início do século, plugado na tomada do telefone, com acesso discado.
Mas em 2003 já era o bastante para baixar MP3 e vídeo clipes no próprio PC. cada arquivo de áudio demorava coisa de 15 minutos pra baixar. Um vídeo clipe poderia demorar de 8 horas até um dia inteiro pra ser baixado, via KazAa. Era o suficiente pra juntar uma videoteca e fazer CDs personalizados de músicas, após muitas madrugadas e longas semanas de espera pelos downloads. A MTV passou a ser uma fonte, depois um complemento e foi ficando em segundo plano à medida em que o acesso à web foi melhorando e as ferramentas online se tornaram mais interessantes. Até que a MTV morreu. Deixou de existir. Acabou, no sentido de que se tornou pouco relevante. A web abriu espaços para suprir demandas ainda maiores e diversas. Blogs, redes sociais, acesso direto a muita coisa que a TV, como mídia, não consegue trazer. A MTV foi arruinada pela própria mídia por onde é veiculada. Não é apenas a MTV que está sucumbindo, é a TV.
A TV Aberta Brasileira Rumo a Uma Grande Crise
Sabrina Parlatore. A MTV ficou menos
interessante depois que ela saiu do
quadro de VJs, na minha opinião.
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Este outro fato, a queda do poder que emissoras sempre exerceram no país desde o período da ditadura militar, vem em anexo aos sinais de crises na principal emissora dirigida ao público jovem no Brasil. Nas outras, mesmo nas maiores emissoras, as tentativas de atrair a audiência de jovens retornam fracassos, não é de hoje. As médias de audiências nos programas feitos para crianças e jovens tem sido baixas há tempos, alguns vivem aos tropeços e são mantidos a força em grades de programação, seja por conta do horário, ou porque não há mesmo nada pra tapar o buraco. É o caso de uma telenovela infanto juvenil de fim de tarde que persiste na Globo. Já teve audiência, nunca foi um fenômeno, mas no meio dos anos 90 até que era assistida e comentada. Hoje, nem é lembrada entre a molecada.
O Que Sobra do Canal
Os jovens estão na internet, nas redes sociais, numa nova era da comunicação, um pouco além do alcance da TV, enquanto mídia. Mas antes do suspiro final, canais como a MTV tentam sobreviver de alguma forma. Assim, a MTV será reduzida a um canal para assinantes. Uma estrela de nêutrons, o resquício do que um dia brilhou como grande emissora influenciadora de jovens e canal de expressão da juventude. Lá, apagada, será um canal para alguns, como eu, viver um pouco de nostalgia, assim como faço vez por outra ao sintonizar o canal que hoje tem imagem melhor e conteúdo nada interessante, mas faz relembrar uma época bacana em minha vida, quando eu acordava cedo e assistia clássicos do rock mundial que, até assistir ao vídeo, jamais imaginava como eram as fuças.
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