Isadora Faber, em um dos vídeos que postou na rede |
Sendo uma pirralha, poderíamos supor que ela estaria postando sobre ídolos teen, compartilhando mensagens bobas e comentando sobre telenovelas e reality shows, entre uma fofoca e outra com as amigas.
Um ser político social "inofensivo" a todo este "sistema" onde estamos inseridos. Uma menininha no Facebook: do que ela seria capaz contra todo o descaso que sofre em sua escola? Qualquer um subestimaria aquela garota. Mas ela mostrou o alcance que uma rede social pode ter.
A menina Isadora lançou uma página no Facebook onde posta a situação em sua escola. A atitude inesperada de uma estudante que, de acordo com parte de seus educadores deveria estar conformada com tudo o que tinha ali e não deveria ousar reclamar de nada, foi imediatamente apoiada por milhares de pessoas pelo país inteiro.
Em poucas horas, a ação de uma pirralha numa rede social ganhou manchetes em portais de notícias e jornais importantes no país:
Estes são apenas alguns exemplos de onde foi parar os protestos desta garotinha. Ela ainda foi notícia em portais do iG, Revista Exame, Folha, etc.
O mais impressionante nisto foi a reação de educadores na escola onde ela estuda. Segundo Isadora, ela sofreu represálias dentro da unidade. Chegou a ser chamada pela direção, que lhe fez o pedido de retirar a página do ar. A escola deveria colocá-la como um exemplo de cidadã, mas fez o contrário. Isto mostra que não é apenas desleixo com o prédio o problema lá, mas a falta de bom senso de alguns educadores que cometem a estupidez de tentar desencorajar esta pequenina. Que vergonha, hein professores e direção!
Eu já relatei aqui como uma ex professora me decepcionou quando reclamou na câmara, onde ela está hoje como vereadora, de cidadãos que criticam a ineficiência daquela casa. Ela foi minha educadora, sempre foi uma referência pra mim, mas estava ali condenando um ato de cidadania. É incompreensível que educadores ajam desta forma.
Nesta caixa de comandos do ventilador, fios expostos precisam
ser unidos para acionar o aparelho. Isto está dentro de uma
sala de aula
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A força de nossa expressão é maior do que muitos podem supor. Não estamos acostumados a ver o poder que temos quando reagimos ao que nos incomoda, pois normalmente estamos cercados por pessoas que nos desestimulam a reagir e nos aconselham a sermos acomodados. Além do mais a mídia sempre controlou as coisas, impedindo que protestos fossem validados como protestos (é sempre noticiado como vandalismo e baderna). Mas quando cidadãos, a exemplo desta garotinha, encontram meios livres onde se expressar, ai então temos uma ideia de onde podemos chegar.
Não há como a escola, a secretaria de educação do estado, ou município, negar os fatos. Está lá, em um diário [ se você tem Facebook, pode acessar aqui: www.facebook.com/pages/Di%C3%A1rio-de-Classe/261964980576682 ] a quadra sem cobertura, o coletor de lixo aparando água das goteiras, o ventilador sem pás, fiação exposta, maçanetas quebradas, banheiros em péssimo estado.
Iniciativas como estas devem se tornar comuns nos próximos anos. Cada vez mais reunindo pessoas dispostas a usarem as redes sociais como ferramenta social. Aqui em Bayeux nós temos exemplos, como é o caso do blog social Caos Bayeux, que aborda os problemas no sistema público de transporte [ http://caosbayeux.blogspot.com ] O blog, que não tem nenhuma relação com políticos, é feito por cidadãos que observam os problemas, relatam, fazem cobranças e postam resultados de uma luta que tem sido diária na cidade.
O caso desta menininha de Santa Catarina é um recado para quem ainda subestima o poder das redes sociais. As coisas estão mudando, e a cidadania está ganhando espaço por aqui.
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