Eis Bayeux, onde a educação até deu sinais de melhorias, mas que a gestão pública não consegue resolver casos como o relatado por Edilane Ferreira, em uma coluna numa agência de notícias do estado da Paraíba.
Edilane conta em sua coluna fatos vivenciados por uma comunidade na cidade de Bayeux que desde o início do ano enfrenta problemas para deixar suas crianças em local seguro, onde possam aprender os primeiros passos, enquanto mães e pais vão a luta. Veja no trecho de sua coluna (que pode ser acessada na íntegra aqui):
"Desde o início deste ano, a creche Vó Genézia enfrenta um problema. A casa onde funcionava, na Rua Maria Feitosa, não foi renovado o contrato de aluguel. Desde então, a Secretaria Municipal de Educação optou por disponibilizar um ônibus para que as mães que haviam matriculado seus filhos nessa creche, levassem até a outra unidade de educação infantil no bairro do Rio do Meio.
A partir de meados do mês de maio, as crianças não tiveram periodicidade em suas aulas. O ônibus não podia mais levar, a fossa da escola estaria estourada, o muro da creche estava em ruínas em decorrência das chuvas. Nada foi resolvido pelo poder público municipal desde então."
Por acaso, no portal da transparência, CGU, existem dados relacionados a envios de recursos para a creche afetada por estes problemas. É um repasse pequeno, de pouco mais de R$ 600,00, mas indica que a prefeitura tem recebido auxílio do GF para manter a creche funcionando. No ano anterior, a creche recebeu dois repasses, de pouco mais de R$ 400,00 em Junho e acima dos R$ 600,00 em Julho.
No entanto, desde o início deste ano, como é dito na coluna de Edilane, as atividades da creche Vó Genézia passaram a ser realizadas noutro prédio, unindo duas unidades numa só. Embora seja em um bairro vizinho, é uma longa jornada para os pequeninos, e seus pais, realizarem diariamente. A prefeitura, então, resolveu oferecer um serviço de transporte, usando ônibus escolares do município. O problema, como visto na mesma coluna, é que interromperam o atendimento que já era precário.
Este ônibus precisava levar pais e alunos até a creche, depois retornar com os pais para suas residências e realizar o serviço inverso na hora de buscar a molecada na creche. Era uma gambiarra, mas pelo menos era alguma coisa. Pior é que agora nem isto. E ainda não chegamos ao fundo do poço. Veja:
"Uma mãe que preferiu não se identificar, por represália, afirmou que sua filha está regredindo cognitivamente com essa interrupção das aulas na creche. “A minha filha pede todos os dias que eu a leve para a creche e não posso levá-la, pois está há quase dois meses de recesso e sem previsão de volta. Ela estava até aprendendo as vogais, mas acho que hoje ela já não lembra”, disse."Sim, exatamente o que você lê. Não é incomum encontrar pessoas amedrontadas em Bayeux. Aqui a política é um jogo repleto de golpes baixos e artimanhas, perseguições e ataques. Existem pessoas em Bayeux que temem falar algo sobre qualquer político, ou gestor. Temem perder benefícios, serem perseguidos ou sofrerem ameaças. Ainda que a atual gestão não se destaque em realizar estes absurdos, alguns politiqueiros em posição privilegiada costumam ranger dentes quando um popular aparece reclamando de algum serviço mal feito. Evidente que as pessoas associam a estupidez ao gestor, ou à gestão. E para evitar problemas, ou temendo problemas futuros, mesmo na hora de reclamar por aquilo que tem total direito, as pessoas tremem nas bases.
No entanto, quando vemos o relato, a coisa fica feia. Uma cidadã preferir preservar sua identidade ao reclamar de um problema com atendimento em um serviço público? É coisa do Iraque, no regime Sadan. Ainda que a situação em Bayeux não tenha chegado a este patamar (e não chegará), a realidade é que o histórico de perseguições neste município cravou isto no imaginário de muitas pessoas.
Por motivos como este, nós que possuímos meios para difundir informação precisamos fazer nossa parte e mostrar que a cidade tem que reagir, e renovar seus quadros políticos imediatamente. Para que fantasmas como o medo de simplesmente expressar opinião e expôr problemas vivenciados na cidade sejam extintos de vez e desapareçam no passado.
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